O PARTEJAR EM UMA SOCIEDADE PATRIARCAL, RACISTA E CAPITALISTA: UMA VIOLÊNCIA A DESVENDAR

Nome: PAULA GABRIELLE NASCIMENTO RICIO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 11/08/2020

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANGELA MARIA CAULYT SANTOS DA SILVA Examinador Externo
GILSA HELENA BARCELLOS Examinador Externo
LÍVIA DE CÁSSIA GODOI MORAES Examinador Interno
SORAYA GAMA DE ATAIDE PRESCHOLDT Orientador

Resumo: Tivemos como objetivo analisar, a partir do relato de mulheres que pariram na região da Grande Vitória - ES, a relação entre violência na assistência ao parto e a sociedade patriarcal, racista e capitalista. Além disso, nos perguntamos como as puérperas que tiveram seus filhos na região da Grande Vitória relatam sua vivência do parto e qual a sua percepção acerca de práticas violentas que marcam a assistência ao parto. Para atingir esse objetivo e responder ao problema da em questão, realizamos uma pesquisa qualitativa utilizando três técnicas: revisão bibliográfica, pesquisa de campo e pesquisa documental. A pesquisa documental consistiu na análise de documentos do Ministério da Saúde, bem como de dados oferecidos pelo Datasus e pelo IBGE. Na pesquisa de campo, optamos em aplicar entrevista semi-estruturada e tivemos uma amostra final de 24 mulheres puérperas da região da Grande Vitória - ES, selecionadas por meio da técnica de Bola de Neve. Os dados obtidos foram trabalhados a partir da técnica de análise de conteúdo, em uma perspectiva materialista-histórica-dialética. Demonstramos como o sistema patriarcal, enquanto um sistema que oprime e subjuga a mulher, forneceu subsídios para que a sexualidade feminina e a reprodução humana deixassem de ser controladas pelas mulheres e passassem ao controle do Estado e da ideologia
dominante masculina. Em meio à dominação e controle patriarcal, o partejar se
caracterizou como um evento centrado na figura do médico e de seus interesses. Apresentamos, portanto, como a supremacia da racionalidade técnica, bem como a lógica produtivista e mercadológica que atualmente vigoram em nossa sociedade interferem em um parto seguro, respeitoso e de qualidade. Os dados obtidos revelaram um alto índice de intervenções no parto, entretanto, em geral, tais mulheres não questionaram as intervenções e saíram aliviadas do hospital por estarem com seu bebê saudável no colo. Isso dificulta o reconhecimento da violência obstétrica, na medida em que muitas mulheres não se dão conta de que foram submetidas a procedimentos inadequados. Dentre as 24 mulheres entrevistadas, quatro identificaram que sofreram violência, o que corresponde a 16% da amostra total. Importante destacar, que as quatro são negras, tendo duas se declarado pretas e duas pardas. Identificamos que as quatro participantes que consideraram que sofreram violência obstétrica são negras, denunciando, junto com outros estudos a discriminação racial presente na assistência ao parto.

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